domingo, 21 de julho de 2013

Subimos, e como CAMPEÃO


Todos sabem que torço pro Brasil de Pelotas. Muita gente não acredita, por se tratar de um clube pequeno. Mas aqui em Pelotas a banda toca diferente. Aqui encontra-se poucos torcedores da Dupla GreNal. Pelotas é a terceira cidade mais populosa do Rigo Grande do Sul. Anos atrás, chegou a ser a segunda mais importante, só atrás da capital Porto Alegre.

Os cidadãos de Pelotas torcem para os três times da cidade. Brasil, Farroupilha e Pelotas. A segunda opção é os times da capital, mais por simpatia do que por torcida mesmo. A população é comprometida com o clube, vive o dia a dia, as dificuldades que vivem os clubes do interior gaúcho.

Mas a torcida que sempre se destacou em todo interior do Rio Grande do Sul é a XAVANTE. Os torcedores do Brasil, acompanham o time onde ele for jogar. Sempre que o Brasil vai jogar fora de casa, a direção do clube já pede ao adversário para reservar um local para acomodar sua apaixonada torcida.

A torcida Xavante é da classe média/baixa de Pelotas. Boa parte, não tem condições de comparecer aos jogos, mas como todo torcedor xavante é apaixonado pelo clube, sempre a um jeito de colocar um bom público no Bento Freitas, a casa da torcida rubro-negra. Em Pelotas temos um fenomeno único. Quando a dupla GreNal vem jogar aqui, a maioria do público torce para os times da cidade, diferente do que a gente tem em outras regiões do estado, que coloca a maioria de público fã dos times da capital.

Isso já foi tema de várias matérias de jornais e reportagens de grandes conglomerados de TV. Não há explicação, é paixão dos cidadão de Pelotas pelas coisas da cidade. Aqui, é o lugar mais difícil para os clubes da capital, quando eles se deslocam pra jogar.

Bem, fiz toda essa introdução, para vocês conhecerem um pouco mais da cidade e dos times, mas o assunto principal deste post não é esse.
Todos sabem que em 2009 o Brasil sofreu o maior baque da sua história. Quando o clube se preparava para mais uma disputa de Gauchão, viajou até a serra gaúcha para jogar um amistoso contra o Santa Cruz. Na volta para Pelotas, em um estrada de Canguçu, o ônibus que a delegação xavante estava, sofreu um grave acidente. O veículo tombou de um barranco. Nesse acidente, o maior ídolo da história do Brasil, acabou falecendo. Cláudio Milar. Mas não foi só Milar quem morreu, o zagueiro Régis, formado no clube e o preparador físico Giovane Guimarães também perderam a vida. Foi uma grande tragédia. Não se tinha muita perspectiva para esse ano. Muitos jogadores sofreram sequelas desse acidente. Poucos conseguiram ter condições de jogo, entre eles o ex-goleiro do Grêmio Darnlei.

Como uma forma de homenagem ou até pra mostrar a força xavante, a direção rubro-negra aceitou disputar o campeonato, mesmo sem ter sequer um técnico e jogadores. O elenco acabou sendo completado com jogadores emprestados por outros clubes que se comoveram com a situação do Brasil aquela época.

Como era de se esperar, o Brasil não conseguiu permanecer na primeira divisão. O calendário ficou muito apertado, eram jogos de 3 em 3 dias. Com poucos jogadores e tendo que se deslocar pelo estado para jogar, ficou complicado evitar o rebaixamento. Muitos criticaram os clubes participantes que não aceitaram que o Brasil disputasse o Gauchão de 2009 sem ser rebaixado, diante das circunstancias.

O rebaixamento veio. O ano de 2009 foi pra se esquecer, pelo menos o primeiro semestre. Nesse mesmo ano, o Brasil quase teve conquistado um dos seus principais objetivos, que era chegar a Serie B do Brasileirão. Classificou-se pra fase de quarta-de-final da Serie C, pra jogar contra o América-MG. Teve a chance de viajar a Belo Horizonte com uma vantagem, mas na melhor chance, acabou errando um penal, e foi com um empate sem gols.

No jogo de volta, conseguiu segurar por boa parte o 0-0, mas ainda no primeiro tempo, sofreu um gol. Logo no começo do segundo tempo, fez o gol de empate. Talvez, fosse muito cedo para marcar o gol, porque logo na sequência o América teve chances de virar, como acabou fazendo.

Por um empate, por um gol o Brasil, no mesmo ano em que perdeu seu maior ídolo, poderia dar uma alegria ao torcedor. Os anos seguintes não foram bons para o Brasil. Chegando nas fases finais da segunda divisão estadual, mas não conseguia o acesso. As vezes, tinha grandes chances, mas não conseguia.

Sem dinheiro pra fazer grandes investimentos, o Brasil teve que apelar para jogadores baratos, para conseguir manter o calendário cheio durante o ano. Chegou o ano de 2012. O ano da virada do Brasil. Foi naquela terceira fase da segundona gaucha que o Brasil conquistou o acesso em 2013.

O Brasil vinha de 4 derrotas em 4 jogos naquela oportunidade, quando Rogério Zimermann foi contratado pra ser o técnico xavante. Rogério já tinha conseguindo algo quase impossivel, como foi manter o Canoas na primeira divisão. Ele conseguiu. Chegou na baixada, e logo o Brasil emendou uma sequência de vitórias e quase conseguiu a classificação pra fase final.

O grande acerto da direção foi dar sequência no trabalho de Zimermann. Com a permanencia dele, o Brasil conseguiu chegar a decisão da Copinha no segundo semestre de 2012. Acabou perdendo para o Juventude, mas ganhou uma vaga na Copa do Brasil. Era o Xavante de volta ao cenário nacional.

Com esse bom trabalho, a direção resolveu manter quase 80% do elenco que fez essa boa campanha e fez contratações pontuais, como as de Cleiton, Éder Machado e Rafael Forster. Um meia, uma centro-avante e um lateral esquerdo.

A base estava pronta, só faltava entrosamento. Com o passar dos jogos esse time ganhou muito entrosamento. Apesar de ter sido eliminado na primeira rodada da Copa do Brasil, o Xavante seguiu com os pés no chão e foi em busca do seu principal objetivo, que era o acesso a primeira divisão estadual.

A campanha do Brasil foi crescendo, com o passar dos jogos, o time ganhava corpo como principal equipe para conquistar o acesso. O Rubro-Negro conseguiu chegar a decisão do primeiro turno. Naquela oportunidade enfrentou o São Paulo de Rio Grande. Rivalidade feroz entre as cidades de Pelotas e Rio Grande, separadas por 60 km de distância.

O Brasil amassou o São Paulo no Bento Freitas. Teve no mínimo 10 chances de gol. Acabou fazendo só 1. A vantagem era pouca, levando em consideração que era um clássico. No jogo de volta, o São Paulo conseguiu devolver o placar no estádio Aldo Dapuzzo. Um jogo em que o árbitro da partida deixou de marcar dois pênaltis claros para o Brasil.

Na disputa de pênaltis, teve vários fatores que ajudaram a desestabilizar os jogadores xavantes. A queda de luz, talvez tenha sido o principal problema. O São Paulo soube aproveitar essa instabilidade dos jogadores xavantes, principalmente o goleiro Luciano, que defendeu 3 penais e foi o responsável pela conquista do primeiro turno dos Rio-grandinos.

Muitos acharam que o Brasil sentiria mais uma vez o baque. Que não conseguiria brigar no segundo turno. Mas, a comissão técnica conseguiram manter o foco no acesso. A campanha do segundo turno foi mais vistosa. Goleadas em cima de goleadas em adversários fortes mostravam a qualidade do elenco e a distância entre o Brasil e o resto dos adversários.
O Brasil, com as vitórias se tornou a melhor campanha de toda a Divisão de Acesso. Com isso, segundo o regulamento confuso da FGF, o Brasil já estava garantido pelo menos numa repescagem para a terceira vaga do Gauchão. Muitos criticaram achando que a FGF estava favorecendo o Brasil com esse regulamento. Mas, para não deixar nenhuma dúvida, o Brasil foi lá e dentro de campo, conquistou o segundo turno e sua vaga de volta a primeira divisão. Mas faltava a vingança contra o São Paulo. Torcedores e jogadores não engoliram a perda da vaga no primeiro turno.

A vingança é um prato que se come frio, mas no caso do adversário, se come no escuro, já que o São Paulo não tem condições de receber jogos a noite. Devido a um divida dos rubro-verdes, com a CEEE, companhia de energia elétrica do estado, eles não tem luz. Utilizam um gerador que não suportou abastecer o estádio e as mídias que foram cobrir o jogo, tanto que a TVCOM, emissora do Grupo RBS, não conseguiu realizar a transmissão em função da falta de infraestrutura que o estádio oferecia.

O Brasil foi lá e não tomou conhecimento do adversário. 4 quedas de luz não foram suficientes para desestabilizar o time. Que mostrou futebol, ao contrario dos rivais que apelaram para as confusões durante os 90 minutos. Uma sonara goleada de 4-1 deixou os Xavantes na boa para a segunda partida, que se realizou no sábado.

O Brasil soube aproveitar as suas vantagem Controlou o jogo e sofreu poucos sustos. A festa na Baixada estava cada vez mais próxima. O torcedor não estava contente apenas com o acesso, queria mais, muito mais. Ser campeão da Divisão de Acesso e de quebra em cima do rival que tirou a vaga no primeiro turno.
Pra coroar a campanha, ser campeão com vitória. Foi no gol de Rafael Forster que o Brasil soltou o grito de campeão. O torcedor xavante extravasou toda sua alegria e sua emoção com seu time de coração.

O Brasil coroava a melhor campanha, melhor ataque, melhor defesa, mais pontos conquistados, mais vitórias. O melhor time da competição, dentro de campo conquistando sua vaga, seu título, seus objetivos. A cidade de Pelotas volta ao mapa do futebol gaúcho. Com dois clubes na primeira divisão, a cidade ganha importância esportivamente e economicamente. Empresas estão voltando a se instalar em Pelotas. Isso faz a economia da cidade crescer, com isso os investimentos nos clubes aumentam. Os clubes fortes, chance de boas campanhas e divulgação ainda mais da cidade.

Voltaremos a ter o maior clássico do interior do RS na primeira divisão. A cidade de Pelotas pulsa com esse momento positivo de seus clubes. O Brasil, tem uma ambição, que é pelo menos, chegar a Serie B do Campeonato Brasileiro. O que garante calendário cheio e uma boa verba para montar um bom time para a disputa da competição.

O Brasil está de volta a primeira divisão. Seu lugar!
E voltou da melhor maneira possível, como CAMPEÃO
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