Não sou jornalista, ainda. Não sei se um dia serei. Tenho esse sonho. Sonho que espero realizar. Tudo começou com o Rádio. A paixão pelo rádio me fez sonhar um dia em ser jornalista. Não pelo glamour, mas a paixão que o rádio conquista na gente desde a primeira vez que o ligamos na nossa casa.
Um dia realizei um sonho de visitar um estúdio de rádio. Tímido e com medo do microfone, pouco falei. Mas a partir dali, comecei a gostar dos microfones. A primeira oportunidade, foi em uma rádio comunitária do bairro, para apresentar um programa gospel (evangélico). E tudo foi por acaso, quando o titular do programa não pode fazer, então fui encarregado de o substituir.
A paixão começou a ficar cada vez maior. Comecei a fazer o programa e a cada dia a paixão ficou maior e eu decidi que era aquilo que queria fazer na vida. Que era no rádio que queria ganhar meu sustento.
Passei um bom tempo sem fazer rádio. Por um dia desses, tive a ideia de narrar futebol (minha paixão maior). Editei os gols e o coloquei no Youtube. O pessoal começou a acessar, tive elogios e criticas, mas faz parte, absorvi tudo e procurei melhorar com as criticas e não deixei os elogios subir a cabeça.
Um certo dia recebo uma menção do twitter, me perguntando se minha rádio (assim denominei meu canal no Youtube) transmitia AO VIVO. Disse que não, mas que pesquisaria formas de como fazer, já que ali estava mais um sonho prestes a se realizar.
Pesquisei e consegui achar uma maneira de fazer transmissões de rádio pela internet, as chamadas webrádios. Ao lado do amigo Henrique Elias, criamos a WebRádio Soccer Sports, para fazer transmissões do melhor futebol do mundo.
Conseguimos terminar a temporada de 2012 fazendo a transmissão da Liga dos Campeões da Europa, entre Chelsea x Bayern. Convites surgiram para fazer parte de outras webrádios. Mas, a cada dia que passava, chegava a conclusão de que nesse mercado, é um querendo atropelar o outro. Egos falam mais alto.
Me afastei um pouco desse mundo, mas a paixão pelo rádio me fez voltar. Continuei narrando jogos pela web. Consegui ganhar uma boa experiencia nesse meio. Recebi vários elogios, alguns exagerados, como de melhor narrador de webrádio. Continuo sem deixar subir a cabeça, até porque esses elogios me dão uma responsabilidade ainda maior. Melhorar, estudar sempre é meu lema.
Sou de familia de classe média-baixa. Nunca passei dificuldades, mas longe de ter uma vida fácil. Uso todo fim de mês uma calculadora para fechar as contas. Não tive a oportunidade de sair do ensino médio direto pra faculdade. Tive que ir ajudar meu pai, que se desempregara justamente quando concluía o ensino médio.
Continuei sonhando em um dia fazer parte de uma rádio. Mas esse sonho parece cada vez mais distante. Isso porque a qualidade está sendo preterida nesse mercado. O jornalismo virou um circo, onde o picadeiro está armado e os palhaços (com todo o respeito aos palhaços) estão exercendo a profissão.
Se você um dia sonhou em ser jornalista, se assustou, assim com eu, ao saber que Mauro Beting, um dos maiores jornalista que vi, foi demitido da Rádio Bandeirantes de SP. A justificativa era o corte de gastos, mas como você vai cortar o seu melhor profissional sendo que ele pode trazer mais grana para sua empresa.
O jornalismo hoje está virado no sensacionalismo. Onde o cabelo do Neymar é a notícia mais acessada de um portal esportivo. Onde a vida pessoal dos atletas é capa dos principais jornais do Brasil.
A justificativa é que precisa vender. E a culpa também é nossa, telespectador, que preferimos o sensacionalismo, ou barracos ao vivo, do que uma opinião de qualidade, embasada e com fontes seguras.
O jornalismo correto, de sempre ouvir os dois lados e procurar sempre a melhor informação para os consumidores. Os donos dos conglomerados de comunicação, estão direcionando para o sensacionalismo. O jornalismo em que a informação, a notícia é misturada ao humor.
Não estou querendo que os Órgãos de Comunicação sejam sisudos. Longe disso, queremos um jornalismo de qualidade. Descontraído sim, mas não palhaçada.
No jornalismo esportivo, os ex-jogadores estão tomando o lugar dos que estudam. Ah mas eles jogaram futebol, sabe do que estão falando. Ok, eu também já joguei bola, e percebo as mesmas coisas que o ex-jogador percebe em 20 anos de carreira profissional. Na pelada com os amigos a gente percebe isso.
Mas se nem um dos melhores jornalistas do Brasil resistiu a esse jornalismo, o que dizer pra quem está querendo começar nessa profissão?
O jornalismo vive dias periclitantes. A profissão cada dia está mais banal. E o sonho de um dia empunhar um microfone e narrar uma partida de futebol fica mais distante. Não vou fugir da luta, é isso que quero, mas depois dessa, não sei se conseguirei.
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